sábado, 18 de dezembro de 2010

A Beleza Do Sistema Viário

Um poema do tio Willy, uma obra com um bocado de referencia que me fez pensa um bocado... Penso assim. Obrigado meu amigo.


A Beleza Do Sistema Viário
Willy Roza


Ah! Como é doce
Destruir telefones celulares
Lançá-los pela janela
Vê-los espatifarem-se no asfalto
No justo momento em que tocam.

Melhor que isto
Só correr pelas estradas à noite
Sucumbir à hipnose dos olhos-de-gato
Raspar os guard-rails, frear sobre faixas zebradas.

Ah! Como é doce
Destruir pneus novos
Torturar a suspensão eletrônica
Fazer roncarem pistões em V.

Albert Camus, James Dean
Quero um belo acidente de carro pra mim
Mulholland Drive, estrada perdida
Como deve ser doce a morte desprevenida.

Vejam só!
O universo todo conspira
Pra que tudo acabe em colisão
Num domingo à noite e sem nenhuma razão.

O sol irá engolir os planetas.
A Via Láctea colidirá com Andrômeda.
Basta um belo acidente entre estrelas
Pra todos morrermos assim.

Como é doce destruir máquinas bonitas
Assistir ao fim do mundo
Saber que este é o sentido do ser
Na contramão de si mesmo
Lançando-se pela janela, espatifando-se no asfalto.

Um comentário:

Diário da Antártida disse...

Não pude deixar de comentar a genialidade e a sensibilidade da destruição nesse poema me fez pensar. É atual e clássico. Genial.