segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ápice

Ápice
Fernando L.S. Martins

Então cheguei aqui no ponto máximo
O ápice, sem carteira, com um chicle de menta
A mão atada a um pequeno burro, que me levou pela estrada de terra batida
No sorriso um outro sorriso, o dos dentes corroídos pelo açúcar
No meu bolso, um ponto solto, um buraco
E tudo que ali coloco fica pela estrada
Como as fotos de uma mulher, de duas crianças e de uma bola
Então é o ponto máximo e um burro ao meu lado
Posso ver quase toda cidade, o banco, a lanchonete clichê
Posso ver uns vizinhos sem o que fazer, uns cachorros perdidos
O céu não parece nada com o paraíso, é mais azul
Quente como o inferno numa panela de pressão
O hálito comido de umas paçocas
E mais nada alem do meu burro, e um chicle de menta
Se pelo menos fosse daqueles sortidos... o chicle

2 comentários:

Dami ;] disse...

escrevendo cada vez melhor.
=)

Fabiola disse...

Legal essa. Um abraço.