Surto
Gustavo Souza
Era tarde, e ele estava enrolado no tapete da sala,
coberto de dúvidas, e perguntando a si mesmo porque o vento ali não batia,
procurando no mais escuro da alma, algum remédio pra sandice,
como se estivesse aprendendo de novo a falar.
Sentado, balançando o corpo com as mãos nos joelhos,
rezando em voz baixa pra espantar o medo, enquanto o mesmo o consumia,
aproveitando cada segundo de prazer do surto,
afundando no piso da sala.
Era tarde demais pra dormir, pensava,
enquanto enxergava o mundo de cabeça pra baixo,
(A impressão é de que sempre havia sido assim)
e as idéias naufragavam lentamente.
Afogado no desespero,
nadou sem tirar o sorriso do rosto até a praia,
vestiu sua mais bela roupa fedendo a mofo,
e retirou do bolso um bilhete que dizia :
“Enquanto penso por mim mesmo”
“Esperei da vida, mais do que podia,
esperei do dia, mais do que de mim,
e se nada aconteceu, parti,
sem duvidar de sequer uma palavra.”
Um comentário:
Dá pra entrar no texto e viajar , gosto disso!
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