segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Defecar

Defecar
Edgar Silva

Enquanto eu cago, penso
enquanto eu cago

Não basta mover a cabeça aonde quero
Levar os olhos sob pálpebras, num abraço
& aperto de lata de quem sonhou neovision

Não basta

Enquanto eu cago sou rosa e flor de lis
Escombro & muralhas & Picassos
Sou literato com Hesse em mãos
Sou machadiano e kafikiano
Num verão & num inverno

Não basta
ser só merda contra a água
espirro banal que molha a nádega
o cu & os pelos & o escroto

Enquanto cago leio as mãos
Cago no meio de um verso romântico

Oh! Sofia, minha Sofia...
Espero na tua janela
E se mia o gato
Sou eu Sofia
Denunciado

Enquanto cago desespero a falta de som
A criatividade minguante do ambiente
Como a lua se detém na janela
A torneira pingante logo ali

Não bata
esses versos tolos para uma boa cagada
preciso de verdadeira literatura
ou um bom jornal que diga o que acontece
lá fora
enquanto a merda mergulha a porcelana

Eu penso enquanto cago
enquanto cago
sou mais um

Um comentário:

Lucas disse...

Sinceramente não entendi onde tu quis chegar com o poema. Quer dizer, na superfície, eu também cago assim, lendo alguma coisa, fazendo algo além de cagar. Se é isso que tu quer dizer simplesmente, eu entendi. Poderia ir mais além, como uma critica ao fato de que todo mundo caga e todo mundo é igual... a merda de todo mundo fede... não sei. ^^’

Agora, convenhamos que o melhor do poema é essa temática heim, shusahusa.

E Edgar, eu ainda não te conheço, é o segundo que tu envia pra mim. Eu to gostando muito que tu participe. Me perdoa não ter respeitado a forma dele. O blogger meio que não me ajudo muito.

Continua enviando esses poemas doidos que eu curto.
Abraços.