Ontem à noite
Edgar Silva
Minha angústia é minha
Minha doce e temerosa angústia
Eu li aqueles odes, aqueles versos
Revi o céu nebuloso de setembro
Sonhei com os atropelamentos
Sonhei com Vênus, sonhei por sonhar
As nebulosas, o cosmo, buracos de minhoca
Sonhei sci-fi, retro, preto e branco
Fiz meus nós no pescoço
Alarguei meus olhos
Pinguei laranja & limão em violetas
Queimei minha própria igreja
Meus cartões de crédito
Meu dinheiro
Minha benção
Minha hóstia recheada
Meu almoço
Minha vivacidade
Minha angústia é minha
Feita de ilustrações a bico de pena
O sorriso & o olho & o gato que pisca no céu
Minha angústia batizada em saliva
Minha angústia penosa, doce
Minha angústia de libido
Minha angústia
Minha angústia
Me angustia minha angústia feita de pouco
A muralha & a espada & e todo resto de homens
Sussurrando, bebendo do clamor de outros
Queimem ele por dentro...
Repetem
Queimem ele por dentro...
Repetem
Queimem ele por dentro...
Repetem
Queimem ele por dentro...
Minha angústia é minha
Me devorando na infinidade da noite
Em sonhos de sangue & morte
Em sonhos desgovernados
Lavados em REM
Minha angústia, me diz:
Até quando vai ser meu coração?
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