Último degrau
Gustavo Souza
Eu não agüento mais,
a música barata que vende nos jornais,
eu não agüento mais,
a comida farta que não me satisfaz,
eu não agüento mais,
o público imbecil que aplaude o que sofre,
eu não agüento mais,
correr na contramão do mundo
andar por sob um chão imundo,
respirar do mesmo ar,
nascer no mesmo lugar,
Mas morrer aos poucos,
sem saber por que,
Eu não suporto mais.
no fundo da garrafa
sempre um pouco escapa,
sempre a corda rasga,
sempre cai a escada.
E no último degrau,
a gente se lembra,
que já sabia de toda essa bobagem.
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