sexta-feira, 20 de maio de 2011

Lendo em voz alta a nossa geração.

Nossa Geração
Manoela Oriques

Muitas vezes me pergunto o que caracteriza nossa geração. Dizem que hoje as gerações mudam muito mais rápido, quando antes eram duas décadas em média, hoje é menos de uma. Mas eu acredito que exista um ponto que caracterize a nossa geração como algo mais comum, e normalmente o que me vem à cabeça é a globalização, e tudo que ela gera, ou tudo que é gerado em prol dela... Ai surge a informação, e como temos que nos adaptar a quantidade em que ela existe e a velocidade que ela muda, então vem a pergunta: temos mesmo? A verdade é que não temos, que podemos, ou não, correr atrás da máquina. No entanto vivemos em uma sociedade que dita que só é feliz quem corre atrás dela, e se você simplesmente deixar bem claro, que não, você não vai correr atrás de nada: “você não é ninguém!” Ok, então vamos gritar, eu não quero ter curso superior, eu não quero ser bilíngüe, eu não quero ter muito dinheiro, eu não quero ser proativo, eu não quero... E ai vai surgir alguém e falar pra você: “a final o que você quer? Você vai simplesmente sobreviver?”.

A maioria das pessoas com o passar dos anos descobre alguma atividade que gosta de fazer, algumas mais cedo, outras mais tarde, e cada uma a seu tempo. Mas tempo é uma coisa que a gente desaprendeu a respeitar, aprendemos que não temos que respeitá-lo, temos que correr feito loucos atrás dele e passar por cima de nos mesmos, e ai surge varias questões sobre o tempo: tempo perdido, tempo passando, o tempo não para, e você não pode fazer nada em relação há isso... Então afinal no que você esta pensando?

No mundo em que nascemos parece que ninguém mais vive o momento: você vive hoje, mas com a cabeça lá na frente! Muitas vezes quando algum problema surge, e pode mudar completamente a sua vida, logo, ao invés de focar na solução do problema e fazer o que está ao nosso alcance, não, já pensamos: e agora o que vai ser de mim? Mas isso não é tão estranho, as vezes é inevitável pensar nisso. Pensar é diferente de se deixar ser dominado por um pensamento desnecessário, de se deixar entrar em pânico, estranho mesmo é quando você está lá, super feliz, e pensa, como vai ser quando isso acabar? Mas é impossível sair dessa vida sem algumas lágrimas. Acho que no final vale a pena cantar “Non, je ne regrette rien”.

Eu espero ter a capacidade para simplesmente mudar quando necessário, e muita gente vai dizer que com o passar dos anos as pessoas perdem a capacidade de aprender coisas diferentes... Bem, isso é mentira. A própria ciência explica que a nossa capacidade de aprender continua a mesma, ou seja, é a gente que se acomoda, até porque pra mudar você vai ter que dar de frente com muitas opiniões diferentes. E não vale a pena tentar agradar a todos, por que isso dificilmente você vai conseguir, ou mesmo a maioria, o custo beneficio é muito caro, porque o preço a se pagar pode ser a sua felicidade.

E por que nos importamos tanto com os outros? Por que vivemos tanto para os outros? Estamos sempre querendo ser mais, ser o melhor, e você vai dizer que não? Pare para observar as pessoas competindo, mesmo que discretamente, quem é mais bonito, quem tem mais bom gosto, quem tem mais conhecimento, quem é mais inteligente, quem tem mais dinheiro, quem fez mais sucesso, quem é mais talentoso, quem tem mais amigos, quem é mais legal, quem se diverte mais e por ai vai... Tem até quem diga que é o mais triste, o mais sofrido, a maior vítima do mundo. Quantas vezes já ouvimos “porque fulano blá blá blá” e o “blá blá blá” as vezes é glorificando os feitos do fulano, e logo menosprezando os seus, ou até mesmo menosprezando os feitos do fulano pra se sentir bem em relação aos próprios, e de que forma será que isto repercute em nossas mentes infantis.

A grande maioria dos jovens tem sonhos, mas se você observar a maioria dos sonhos tem embutida uma porcentagem de sucesso e reconhecimento. Será que essa parte do sonho é nossa? Será que essa parte do sonho é pra gente? Ou é pra todo o resto? Não importa, qualquer pessoa que tenha um sonho não lucrável ou, dificilmente, lucrável, vai ser criticada, mesmo as que vivem “convencionalmente”.

Quanto aos sonhos dificilmente rentáveis: temos as pessoas que tem uma veia artística mais forte, e o desejo de viver da arte, nesse ramo o reconhecimento parece que é um desejo inevitável, já deixando bem claro que não estou criticando o reconhecimento, acho que no final, como diria nossa querida Meneguel: “e quem não quer?”. A pergunta é se ele é mesmo crucial. Indiferente de qual seja a arte, pra quem faz obras, pra quem escreve, pra quem faz música, pra quem atua. Eu me pergunto: quem escreve ficaria feliz de escrever para um pequeno jornal? Ou, mesmo ter que financiar os seus próprios livros, ou esperar anos para que alguma editora edite um livro seu? Mas não é o ato de escrever que você gosta, que te deixa satisfeito? Porque se não for, se fosse o reconhecimento o crucial do seu sonho, porque cargas d’água você escolheria uma carreira tão difícil de se obter reconhecimento? A verdade é que muitas vezes pode se demorar tempo pra começar a ganhar dinheiro nesta área, e as vezes é necessário ter que recorrer a atividade secundarias para, literalmente, não parar em baixo da ponte. Isso as vezes é necessário mesmo para quem tem pais com uma condição de vida melhor, porque pior do que a pressão gerada pela sociedade e a pressão gerada pelos nossos queridos pais, e essa não tem nem como descrever, é inefável. Mas essa atividade não é seu foco, e não precisa ser, esse é um problema que começa e termina na força de vontade da própria pessoa. Muito fácil quando eu falo, né? Mas a verdade é que eu andei pesquisando a vida de alguns artistas, e não dá pra negar que “levasse anos pra fazer sucesso do dia pra noite” e que muitas vezes como diria Bibi Ferreira: a sorte e crucial para o reconhecimento. Mas de qualquer forma você vai ter que estar preparado.

E é assim que eu tento manter minha sanidade mental, já não sou perfeita, e ainda tenho sentimentos totalmente desnecessário.

5 comentários:

Anônimo disse...

Não dizer meu nome porque o adm do blog deixou que postassem anonimo, logo tenho direito de dar minha opnião sem dizer quem eu sou...

Vcs vieram com as explicações sobre não ser crime, mas eu ainda acho que seja, e crime maior é ficar divulgando isso.

Fora isso, gostei do que essa escritora escreveu, acho que é um bom texto e deve ser divulgado, diferente de pixações...

Parabes Manoela pelo seu artigo, discordo de algumas coisas, acho que arte deve ser um oficio secundario, como lazer. Mas é só a minha opnião.

Lucas disse...

Cara, porque tu se presta a volta aqui... Acabo de dize que arte não é teu foco, então para velho, de boa, nosso foco é arte aqui, pelo menos o meu.

No caso da Mano, eu incentivo ela a escrever porque ela escreve muito bem. E na verdade ela cursa Farmácia, que dize, para com esses papos. Se tu não curti, vaza, ou lê e não comenta asneira, se acaba depreciando todo mundo aqui.

Manu.Nyo disse...

Olá anonimo ... que bom que vc gostou do meu texto, e respeito a sua opnião, mas acho uma pena, pq concordo com um certo filosofo que diz "é preciso ter consciência de que, a vida é sim uma tragédia, para que possamos desviar um instante os olhos da nossa própria indigência, desse nosso horizonte ... mais alegria em nossas vidas. A arte tem essa função" (NIETZSCHE, 1974).

Então apesar de n querer ser artista, falta dom pra mim ^^, agradeço a todos que tem a capacidade de serem e investem nisso

um viva aos artistas \o/

Anônimo disse...

VIVA NÓS!

Anônimo disse...

Acho que ele acaba se AUTO-DEPRECIANDO, heheheh!