De mãos dadas
Gustavo Souza
O senhor da esquina tem um carro,
e o carro tem ao senhor da esquina,
o senhor da esquina tem uma casa,
com lindas fechaduras de ouro,
Na outra rua mora o advogado,
que corre atrasado para o seu trabalho,
com uma bola de ferro em cada pé,
e dois olhos escuros, fundidos e fechados,
E em frente ao ponto de ônibus,
funciona um restaurante,
que serve pedaços de aço mastigado,
ao público estufado,
Ao lado do restaurante,
mora uma senhora,
de terno e gravata,
que enche todo dia a boca com baratas,
A senhora do terno e das baratas,
se orgulha de seus filhos,
que criou com o suor da vergonha,
com o dinheiro que pediu ajoelhada,
Em frente ao banco da cidade,
funciona um hospital,
onde todos estão em frente à TV,
tomando suco de coragem,
e rezando por suas vidas,
E na capela do hospital,
estão todos comemorando mais um dia,
bebendo vinho,
contando dinheiro.
A guerra corre contra o fim,
e as pessoas correm contra a felicidade,
todas de mãos dadas,
em algum feriado,
num sábado á tarde.
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