quinta-feira, 16 de junho de 2011

Não escrevo

Não escrevo
Gustavo Souza


Toda manhã, quando o sol abre a janela do meu quarto,

e me acorda do sono mais profundo, dos sonhos mais imundos,
não sou eu,

Toda noite, quando a lua entorna as estrelas de brilho,
e me sufoca num súbito atino,
não sou eu,

Toda vez, que sussurrastes “eu te amo”,
ou me amasse por engano,
não fui eu.

Sinto ainda, o seu perfume,
toco a tua pele,
beijo a tua boca,
mas, vida, não sou eu!

Faço de mim, outra pessoa,

e das pessoas,
bonecos que falam,
e que morrem.

Quando as respostas parecem perguntas,
as perguntas se tornam mentiras,
e quando se vê,
mentiras são a sua vida,

Eu vivi, juro que vivi,
muito mais do que imaginei,
mas não sou eu,
não sou eu aqui.

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