sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

espaçado

O que vai ser quando o “nada” for realmente nada?

Onde vou guardar as fotos de outra família

A carteira de motorista que nunca tirei

Os verbos no imperativo, dados a sala vazia

As flores de plástico que vivem sem água

O piso marcado do vai e vem da cadeira da cozinha

- solitária e intitulada algum nome vulgar

O tempo, cardial com os ventos, diz tédio

Ai então que se vasculha o lúdico

...

Afinal, nada ainda é um grande nada

Não faz mudar os objetos de lugar

Ou brotar riso e gargalhada, nada ainda é nada

Não busca tradução, só silencio mascado ponteiro

E o coração na meia noite do peito apita

Ferve, pulsa, caduca pensando no amanhã

Por que de todos os traços daquele antigo poema

O único perdido foi à paciência e o tempo de um Buda

Coisa das coisas de alguém espalhadas no meu quarto

...

O que será quando “nada” ganhar contraste?

Pingo de tinta em ‘i’ perdido, assinatura minha e tua?

Aonde vão se não na contra mão do sorriso de alguém

Aqueles ditados, o tempo que não se perde

Porque nada não é agora? Ou então daqui a pouco?

Gostaria de nadar nesse nada de oriundo, feito de outra virgula

Esclarecer o diz e me fala, contar três e correr pelado na praia

Nada... se fosse só isso não sentiria o vazio da sala atazanando

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