O que vai ser quando o “nada” for realmente nada?
Onde vou guardar as fotos de outra família
A carteira de motorista que nunca tirei
Os verbos no imperativo, dados a sala vazia
As flores de plástico que vivem sem água
O piso marcado do vai e vem da cadeira da cozinha
- solitária e intitulada algum nome vulgar
O tempo, cardial com os ventos, diz tédio
Ai então que se vasculha o lúdico
...
Afinal, nada ainda é um grande nada
Não faz mudar os objetos de lugar
Ou brotar riso e gargalhada, nada ainda é nada
Não busca tradução, só silencio mascado ponteiro
E o coração na meia noite do peito apita
Ferve, pulsa, caduca pensando no amanhã
Por que de todos os traços daquele antigo poema
O único perdido foi à paciência e o tempo de um Buda
Coisa das coisas de alguém espalhadas no meu quarto
...
O que será quando “nada” ganhar contraste?
Pingo de tinta em ‘i’ perdido, assinatura minha e tua?
Aonde vão se não na contra mão do sorriso de alguém
Aqueles ditados, o tempo que não se perde
Porque nada não é agora? Ou então daqui a pouco?
Gostaria de nadar nesse nada de oriundo, feito de outra virgula
Esclarecer o diz e me fala, contar três e correr pelado na praia
Nada... se fosse só isso não sentiria o vazio da sala atazanando
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