Papo incrédulo
lucas selau
To sentindo que o mundo ta num trem pronto pra estacionar
Sentindo que tudo acaba depois das seis, que não tenho
relógio
Que a data passou por mim como mais um trote, uma risada
To sentindo que não tem hoje e amanhã, vivendo antes
Vivendo uns dias atrás, agora e distante perdidos num
crédulo
To sentindo os olhos pesados e lembrando de coisas em muros
Do caminho lotado de carros, de asas e de acentos
To lembrando de quando pronome atravessava dissimulado
Entorpecendo uma imagem preenchida de um nome especifico
To sentindo que só lá havia notas suficientes pros acordes
novos
E nenhuma canção ia ter melodia sem a inocência de outra
boca
To parado por alguém que me deixou sem rodas em uma highway
O tempo é instância, posto a duzentos quilômetros daqui e
bebida barata
To parado e esperando à hora certa pra caminhar, ir adiante
e...
Sei lá, acender um cigarro e digerir todos meus assuntos
diários
Eu só to parado e pensando em como vão às coisas depois da
janela
Fora do ponto de visão, televisionado meus anseios na baixa
freqüência
To sentindo que termina nesse exato momento outra história
semi’tonante
Que durou pouco, arrastou o berro tentando não cansar, ou
exaurir
Que as tentativas de bons ou melhores dias seja esquecida
antes de qualquer passo
To sentindo que logo irão me descobrir, nesse recuo tático,
palavra em lábio
Vivendo uns dias atrás, esquecendo de agora, em diante,
talvez
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