domingo, 3 de fevereiro de 2013

Koan #01


As mãos vazias de mestre Koan, raios chorosos orquestrando Bach #01

Porque estávamos a salvo, tudo era diferente, vago de memória, e esperanças, corrupções de nós mesmos findados aos raios e domingos.
Meus ouvidos em socorro, escutado alento que é chuva silenciosa, prosa da sina de gostar de solidão.
Alojado num pedaço de estrutura rítmica, soada a suaves dissonares ‘entreruídos’ da rua, a melodia cólica ‘vulcionante’, eloquente, ‘eteceteras’ ...
Eu era afinal, o passado suspenso em mais calma –  eu em meu quarto de sono e luz, forte clarão;
eu era afinal trastejado em mil cordas – solucionável em acordes jovens, trepidantes e escalados;
eu era em final, quase a vida inteira, querendo as maneiras outras que não se encachavam – eram tão distintas e jogadas aos dias, minha voz falha e literatura;
quem dera eu vociferando contra o asfalto e suplicando mais trilhas – as direções seguidas de trincheiras, quanto aos rastros: dispostos em vazios vãos de existências, minha lucidez e loucura...

Um dia se foram, não havia razão em voga que dissolvesse meus tesouros estimados, minha lucidez e loucura... mãos dadas e tão longe, minha lucidez e loucura... quase não as vejo mais, minha lucidez...

“Pelo vão da porta vagamos silenciosamente. Luz. O céu. Clarão dos raios. Dia e noite, e calafrio, e vento contra a espinha. Por baixo. De soslaio. A Porta. Com a luz, o vento frio e arbitrário. Sou um... paredes que eu tanto amo. Dai-me pontos.”

Porque estávamos a salvo, tudo era diferente, vago de memória, minha lucidez e loucura, meu vagão vazio descarrilhando em baixos suspiros. Que se foi o ritmo. Que se foi a música em a que se destinavam meus reis e rainhas, meus castelos em linhas. Adeus, breve e doce, lucidez minha e loucura...


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