domingo, 29 de maio de 2011

DIÁRIO DE UM ASSASSINO

DIÁRIO DE UM ASSASSINO
Jonas Gabriel de Souza

O som intermitente
manchando o belo carpete
com um gotejar impaciente.

O ferro frio sobre o bidê.
Agora sem muitos sinais,
não mais como evidências,
pois o lenço levou as digitais.

Por entre a luxuosa janela
a lua mostra seu esplendor,
iluminando seu morno rosto
sem nenhum sinal de dor.

Tudo foi como planejado,
e executado com muita calma:
e em meio a um intenso orgasmo
com a faca arranquei-lhe a alma.

Ela sequer notou o sangue,
julgando ser o gozo perfeito
morreu sorrindo, então,
com uma faca cravada no peito.

Deitei ao seu lado e dormi
coberto com o lençol antes branco.
O sangue não me incomoda,
seu cheiro me atrai, se devo ser franco.

Após um sono sem sonhos,
fui acordado pelo gotejar insistente
que tecia o tempo como um relógio,
marcando compassos em minha mente.

Sorri então e saí,
almejando um dia entender
por quê que toda mulher que amo
por minhas mãos deve morrer?

Nenhum comentário: